terça-feira, 7 de outubro de 2014

sing me to sleep. and he did

Foi um concerto que mais parecia uma reunião de escola. Do camarote vislumbrávamos cá em baixo caras conhecidas. E tínhamos uma visão privilegiada para a protuberância do estômago de Morrissey. Envelhecer é uma chatice, mesmo que sejamos hoje mais felizes que no outro concerto, recortado no tempo pela crueldade involuntária dos outros como uma coisa que aconteceu “no final dos anos 1990”. É tudo uma cadeia ridícula de desfasamentos etários em que ganhar implicaria sermos ainda mais velhos. Afinal, no final dos anos 1990 já ali estávamos por uma coisa que aconteceu nos anos 1980. Morrissey só é sagrado com a guitarra de Johnny Marr. “Asslep” foi o momento mais bonito do concerto. Uma faca impiedosa de silêncio a rasgar a expectativa de uma sala inteira. Com Morrissey nunca se sabe, mas era mesmo, era aquela canção. E depois foi partir, essa atividade que é um vírus.
“Don't feel bad for me/I want you to know /Deep in the cell of my heart/I really want to go”.

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