quarta-feira, 22 de maio de 2013

Great Gatsby




“Transpusemos a grande ponte com o sol a passar por entre as vigas e a bruxulear sobre os carros em andamento e a cidade a erguer-se na outra margem do rio em pilhas brancas e tabletes de açúcar, todas elas construídas com a intenção de fazer esquecer o cheiro do dinheiro. Vista de Queensboro Bridge, Nova Iorque é a cidade que se vê, sempre, pela primeira vez, a eterna promessa desvairada do mistério e da beleza universais”.

F. Scott Fitzgerald, “O Grande Gatsby”.

Estava preparada para uma reinvenção do universo de Fitzgerald, para uma atualização discutível. Temia, mas até queria entrar num sonho ‘pop’ como “Romeu e Julieta” ou “Moulin Rouge”. Pensava que o filme de Baz Luhrmann seria um objeto tão distinto do romance, mas que agarrado a ele o homenageasse. O ceticismo não era maior que a esperança.

Só que “Great Gatsby” não é nada que se possa discutir, nem sequer uma oportunidade perdida. E não vale a pena culpar Leonardo DiCaprio. Se é na personagem de Gatsby que as fragilidades do filme melhor se apontam é porque é dela a força do romance e de passadas adaptações. Robert Redford encarnou aquele mistério, fez da ambiguidade movimento, voz.

Todas as personagens são caricaturas que interagem como num episódio de “Gossip Girl”. É doloroso de mau. E o pior é a sensação de que a partir deste filme quem ainda não o fez não queira ler aquele romance, onde, como Nova Iorque, se encontra mais do que se procura. E procura-se sempre a primeira vez que se viu, que se leu.

Sem comentários:

Enviar um comentário