terça-feira, 6 de outubro de 2009

A voz de todos nós

Quando Amália Rodrigues morreu eu estava na Nazaré. No 11 de Setembro, também. Achei que podia evitar as desgraças não voltando mais lá. Percebi que não valia de nada quando há pouco mais de um ano uma convulsão de choro me atirou para cima do teclado do computador. Paul Newman morrera e eu nem tinha saído de casa.
Há dez anos, Amália saia pelas janelas abertas como um vento triste. As nazarenas tinham tirado os discos antigos das gavetas. Na rua, as canções misturavam-se umas com as outras e faziam todo o sentido.
Há dez anos, eu era outra, Amália era a mesma.
Apesar da mediocridade, o projecto Amália Hoje terá tido, pelo menos, o mérito de fazer voltar ouvir o que é de sempre. Se há coisa que caracteriza Amália é não ter hoje. Nem ontem, nem amanhã. É aí que começa a arrogância do denominado “projecto”, que, com a sua demagogia musical, não merece, aliás, mais do que uma referência breve.
Sobre Amália, cantou António Variações o que há para dizer.
“Todos nós temos Amália na voz / E temos na sua voz / A voz de todos nós”.

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