Kirk Douglas, fotografia de Vivian Maier
Há mistério no processo de sobrevivência
de um objeto artístico. Entre a fama em vida e o esquecimento posterior e a miséria
em vida e o Olimpo reparador há gradações. E mistério. “Finding Vivian Maier”
faz também essa reflexão, a partir da questão ética de estar a dar a conhecer o
trabalho de alguém que podia não o querer. O dilema resolve-se da forma mais
simples para o documentarista, Vivian Maier quis dar a conhecer o seu trabalho,
que ele próprio resgatou de um leilão esconso. Ele é um pirata mais ou menos
bondoso que, não sabendo o que tinha em mãos, queria ter um tesouro em mãos. Isso
fará toda a diferença. Talvez a reflexão fosse mais interessante se o
documentarista aventureiro não descobrisse a mínima pista sobre as intenções da
fotógrafa e, perante a desmultiplicação da sua personalidade materializada nas opiniões
dos outros, ficaríamos ainda mais perdidos. Como Vivian, com uma câmara na mão deambulando pelas ruas.
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