O título é repetido, mas não tenho medo de o gastar. Fez-se para aqui, até pela gargalhada de coalhar o (genial) moralismo de Nelson Rodrigues.
Aquilo que ouvi deste filme não o encontrei. Encontrei diferente, melhor. Parece que o mundo descobriu o sexo entre mulheres, isso é lá com ele. Que abra bem os olhos, mas não deixe de ver o grande plano. “A vida de Adèle” é a vida de Adèle. Tão universal quanto isso.
Já passaram semanas e ainda estou com a rapariga que dança “I follow rivers”, de Lykke Li. Acedo a colocar um vídeo neste lugar, que quis sempre quieto, tal é a captura em que me traz. Adèle está diferente e ainda ninguém percebeu. Chega a casa para ser surpreendida por uma festa. São 18 anos, que já são outra coisa, e os outros tornam-se difusos à medida que lá dentro se carregam um pouco mais os seus contornos. O rosto fecha-se, parece que alguma coisa não está bem. Mas está tudo bem, como só tudo está melhor quando fica irremediavelmente diferente. E então ela sorri e dança. Não está nada definido. Adèle há de morrer e nascer outra vez. É assim. Nada a fazer. Nunca nada acaba. Esta é apenas a melhor cena dos primeiros dois capítulos.
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