"I’m going to begin by telling you about Miss Frost. While I say to everyone that I became a writer because I read a certain novel by Charles Dickens at the formative age of fifteen, the truth is I was younger than that when I first met Miss Frost and imagined having sex with her, and this moment of my sexual awakening also marked the fitful of my imagination. We are formed by what we desire. In less than a minute of excited, secretive longing, I desired to become a writer and to have sex with Miss Frost – not necessarily in that order".
“In one person”, John Irving.
Ainda não tinha recuperado daquela frase – “We are formed by what we desire” – e já um formigueiro me dizia qual era o livro de Dickens. Era um desejo que também era uma certeza. “Great Expectations”, que a tradução limita a “Grandes Esperanças”. Assim foi. Também por mim lido na formativa idade de, creio, dezasseis anos, na altura em que não fazia listas de livros para ler. É bom encontrá-las em blocos de notas antigos e constatar o que efetivamente acabei por ler, mas, sobretudo, tentar decifrar o que é que eu estava à procura. “In one person” é um bom livro para quem gosta de fazer listas de livros a ler. Um escritor é um leitor, daqui nunca saímos, e contar o que ele desejou é contar os livros que leu e como lhe foram parar às mãos. Não lemos só para nos reconhecermos nas coisas, isso é primário. Mas sim, lemos para nos reconhecermos nas coisas, o sentimento de identificação é demasiado poderoso para o votarmos ao ‘snobismo’ que uma licenciatura na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa nos tentou inculcar. Olhemos as coisas com distância ou acabamos todos a ler romances de cordel, pareceu-me ouvir dizer demasiadas vezes durante aquele pesadelo académico. Tretas. Foi tão bom descobrir que o jovem deste romance também se aborrecia com livros de aventuras. Distingo perfeitamente o meu momento. Foi na trilogia de Alice Vieira “Chocolate à chuva”, “Rosa, minha irmã rosa” e “Lote 12, 2º frente”. É disto que eu gosto, esta mulher está a escrever sobre mim, sobre os meus pais, sobre as minhas amigas, sobre o meu país. Porque o conforto dura pouco tempo. Já passei o meio de “In one person” e ainda estou presa naquela frase impressa na primeira página.
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