segunda-feira, 5 de novembro de 2012

made weak by time and fate, but strong in will*




007 - Skyfall, de Sam Mendes.


- Todos precisamos de um ‘hobby’.

- Qual é o seu?

- Ressurreição.



Fica ainda mais bonito em português. O novo James Bond tem diálogos assim. A linguagem e a gestão do seu tempo foram sempre características dos filmes de 007. As frases são armas.

Resisti a Daniel Craig, confesso. Cresci na Guerra Fria e não conseguia deixar de o ver como o casting perfeito para um vilão russo. Mas não. James Bond interpretado por Daniel Craig é muito bom, mais físico, sim, mas não deixa de ser um cavalheiro. Como todos os atores, é mesmo bom quando o deixam. “Quantum of Solace” é uma desgraça, faça ele o que fizer. Exatamente o oposto de “Skyfall”.

Sam Mendes soube tão bem filmar a Grã-Bretanha. Numa carta de amor à Ilha e a Londres, olha também o sentimento da grandeza posta em causa, o antigo Império bate-se com os seus próprios complexos. Reparai nos múltiplos planos envolvendo bandeiras da Union Jack. E depois, James Bond olha para um Turner. M. cita Tennyson numa comissão de inquérito. O vilão de Javier Bardem apalpa, literalmente, Bond e Bond responde como um homem. Sejamos complexos e difíceis, sem abdicarmos da beleza. E a estética Bond merecia este filme.

*
Though much is taken, much abides; and though

We are not now that strength which in old days

Moved earth and heaven; that which we are, we are;

One equal temper of heroic hearts,

Made weak by time and fate, but strong in will

To strive, to seek, to find, and not to yield

Alfred, Lord Tennyson.

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