A abordagem predominantemente estética é uma tentação compreensível num filme sobre Maria Antonieta. Eu também me derreti com um ‘flash’ de uns ténis all-star coloridos no quadro que Sofia Coppola compôs de Maria Antonieta e da corte. A composição, que fez equivaler perucas a ‘cup-cakes’, foi o pior filme de Sofia Coppola. O efeito, por definição, dura pouco, menos ainda quando antecipa apenas em um ano ou dois as coleções de moda.
Em “Adeus, minha Rainha” há um único grande momento de composição estética. Maria Antonieta despede-se do Rei. É a única ocasião em que surge com os filhos e a única em que está, efetivamente, deslumbrantemente vestida. As crianças loiras e o loiro dos cabelos semi-caídos da Rainha, os fatos em tons azulados, tudo e todos se confundem, estando tudo e todos perfeitamente definidos.
Aquilo que achei particularmente interessante foi Benoît Jacquot ter escolhido um momento político para descarregar aquela beleza toda. É um momento inteiramente político. A Rainha despede-se do Rei, que pode não voltar a ver, mostra-se nessa despedia, desempenha politicamente essa despedida. Também está ali a essência de um casamento-aliança: aquela mulher preocupada simultaneamente com o destino daquele homem com quem se uniu e do país com quem também casou. Ela não conhece bem o homem e também não conhecerá o país, muito menos o seu povo. Mas está ali. Naquele momento não pensa na duquesa de Polignac.
O filme resiste a mostrar Maria Antonieta como uma vítima da corte (o lugar comum narrativo da realeza, até à atualidade), mas permanentemente apresenta-a nas suas circunstâncias, para depois arrumar tudo o que pensa dela num golpe duro e eficaz.
Em “Adeus, minha Rainha” há um único grande momento de composição estética. Maria Antonieta despede-se do Rei. É a única ocasião em que surge com os filhos e a única em que está, efetivamente, deslumbrantemente vestida. As crianças loiras e o loiro dos cabelos semi-caídos da Rainha, os fatos em tons azulados, tudo e todos se confundem, estando tudo e todos perfeitamente definidos.
Aquilo que achei particularmente interessante foi Benoît Jacquot ter escolhido um momento político para descarregar aquela beleza toda. É um momento inteiramente político. A Rainha despede-se do Rei, que pode não voltar a ver, mostra-se nessa despedia, desempenha politicamente essa despedida. Também está ali a essência de um casamento-aliança: aquela mulher preocupada simultaneamente com o destino daquele homem com quem se uniu e do país com quem também casou. Ela não conhece bem o homem e também não conhecerá o país, muito menos o seu povo. Mas está ali. Naquele momento não pensa na duquesa de Polignac.
O filme resiste a mostrar Maria Antonieta como uma vítima da corte (o lugar comum narrativo da realeza, até à atualidade), mas permanentemente apresenta-a nas suas circunstâncias, para depois arrumar tudo o que pensa dela num golpe duro e eficaz.
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