quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Espalhem a notícia

Fiquei espantada com a quantidade de meninas que, constatei por estes dias, têm a Ana dos Cabelos Ruivos como alter-ego infantil. Sim, estava convencida que o sinal da RTP a partir do retransmissor de Montejunto era atraído por uma força centrífuga ao vale de Alenquer, batia na torre da Igreja de São Francisco, descia num ricochete mansinho para a Capela do Espírito Santo, onde, já no raio de acção do pára-raios da fábrica da Chemina acabava de ser produzido o efeito que circunscrevia a emissão daqueles desenhos animados à minha televisão e à das minhas amigas. A Ana dos Cabelos Ruivos nem chegava ao Carregado.
Afinal não era só no centro da minha infância que ela morava e isso é maravilhoso. Já fala tão bem Sérgio Godinho acerca dos “segredos dos locais que no fundo são iguais em todos nós”.
“Then she found me”, a estreia de Helen Hunt como realizadora, é sobre estes lugares que nos unem a todos e do medo de os percorrermos. Aquele tique adolescente de se querer ser original. Não melhor, apenas não repetitivo.
Falou-se pouco deste filme porque, parece-me, pertence à categoria de coisas boas que são conhecidas mas não são muito discutidas. Que bom que isso é, de vez em quando.
Helen Hunt fez um bom primeiro filme, com a simplicidade desconcertante de quem escolhe ser simples. Espalhem a notícia.






2 comentários:

  1. Que boa lembrança, eu já ia me esquecendo desse filme. Não se falou muito dele por aqui também. Preciso vê-lo logo que der; sempre fui fã dela como atriz e estou curioso para vê-la dirigindo. De quem é o roteiro?

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  2. A Helen Hunt é co-autora do argumento, com Alice Arlen e Victor Levin. Não sei quem estes dois últimos são, vi no internet movie database :) É daqueles filmes tão simples que quase se tem medo de recomendar, mas é muito bonito.

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