quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Decência

O meu avô qualificava com muita frequência as coisas de “decentes”. Um casaco de malha, um restaurante, um par de sapatos. Tudo coisas decentes se fossem de boa qualidade e não custassem muito caro. Já o meu pai aplicava sobretudo a decência às pessoas. “É do PS, mas é um tipo decente” ou “PPD, mas decente” eram as frases em que o qualificativo mais aparecia.
Talvez fosse este apreço pela decência que uniu avô e pai - sogro e genro – na cumplicidade envergonhada daqueles que discordam tanto que não conseguem divergir no essencial.
Nenhum deles era uma pessoa particularmente natalícia, mas também não é suposto que estas coisas façam sentido. É por causa deles que dou comigo a pensar que o Natal podia ser uma altura de decência. Alguns presentes decentes. Dois ou três telefonemas decentes, a pessoas que nem precisam de ser lá muito decentes. Um presépio pequenino. O Natal como uma dieta daquelas em que se come de tudo, sem abusar de nada, que é também um bom conselho para a quadra.
Deve ser dificílimo, mas este ano vou tentar ter um Natal decente.

2 comentários:

  1. É certeza que o teu natal vai ser decente, querida. Você não merece menos.

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  2. Jornalista Ana, tenho cá comigo uma sensação de que o teu Natal será decente e diferente... e que você fará com o queo Natal dos que te rodearão neste dia, também !!

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