“O olhar vai de rosto em rosto,
de anúncio em anúncio. O HOTEL SEATTLE; A CAPITAL DAS MÁQUINAS DE ESCREVER DA
AMÉRICA; A ORQUESTRA WANG DOODLE SÓ ESTA NOITE; O CAVE CAFÉ AND GRILL: 24 HORAS
POR DIA. Dos dois lados da entrada principal podem ver-se cartazes de três metros
de altura, com as palavras PROIBIDO ESCARRAR escritas em diagonal sobre o corpo
de Hygeia, a deusa da saúde, que segura numa das mãos o desenho de uma casa
limpa e arrumada e na outra, pombas a fazer os ninhos numa árvore; a bainha do
vestido verde cai sobre as palavras LIXO, DOENÇA, CRIME e uma meia dúzia de
escarradores. Chovem passageiros em volta de Lilian e dirigem-se para táxis e
fiacres, ou para os familiares que os esperam, ou para os moços os hotéis melhores
ou melhores que agitam campainhas para os chamar”.
Amy Bloom, Até ao Fim do Mundo,
Oceanos
Tenho este romance da Amy Bloom há
talvez oito anos em casa. Ouvi o nome dela a sair de uma boca perfeita num
programa de televisão. Ficou na estante para o adorar por estes dias, em que
parece que só acolho livros escritos por mulheres e nenhum de uma autora de
língua portuguesa, que era um propósito que tinha formulado. Sempre a chegar a
um cais cheio de elementos a reclamar a minha atenção, como a Lilian deste
romance, e a desejar um prado com menos escolhas.
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