segunda-feira, 3 de abril de 2017




“O olhar vai de rosto em rosto, de anúncio em anúncio. O HOTEL SEATTLE; A CAPITAL DAS MÁQUINAS DE ESCREVER DA AMÉRICA; A ORQUESTRA WANG DOODLE SÓ ESTA NOITE; O CAVE CAFÉ AND GRILL: 24 HORAS POR DIA. Dos dois lados da entrada principal podem ver-se cartazes de três metros de altura, com as palavras PROIBIDO ESCARRAR escritas em diagonal sobre o corpo de Hygeia, a deusa da saúde, que segura numa das mãos o desenho de uma casa limpa e arrumada e na outra, pombas a fazer os ninhos numa árvore; a bainha do vestido verde cai sobre as palavras LIXO, DOENÇA, CRIME e uma meia dúzia de escarradores. Chovem passageiros em volta de Lilian e dirigem-se para táxis e fiacres, ou para os familiares que os esperam, ou para os moços os hotéis melhores ou melhores que agitam campainhas para os chamar”.
Amy Bloom, Até ao Fim do Mundo, Oceanos


Tenho este romance da Amy Bloom há talvez oito anos em casa. Ouvi o nome dela a sair de uma boca perfeita num programa de televisão. Ficou na estante para o adorar por estes dias, em que parece que só acolho livros escritos por mulheres e nenhum de uma autora de língua portuguesa, que era um propósito que tinha formulado. Sempre a chegar a um cais cheio de elementos a reclamar a minha atenção, como a Lilian deste romance, e a desejar um prado com menos escolhas. 

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