Este ano infeliz para o mundo
quis ser o ano mais feliz da minha vida. Sim, sim, estou a medir bem as palavras. Em novembro tentei conciliar a maior
derrota político-cívica que me foi infligida com uma sucessão de vitórias
pessoais. Fiz como sempre - a ler livros, ver filmes, correr, fazer yoga
- , mas contando agora com o que não tive sempre. Não se evitaram semanas
depressivas, entre o querer e o não querer perceber a eleição de Trump. Parecia
1933. Parece 1933.
Os Parov Stelar estão confirmados
para um festival em 2017. Em setembro estava em Berlim num restaurante tailandês
a comer uma refeição memorável – e foram algumas só este ano
-, e ouvia-se o “Booty Swing”. A canção simples e feliz, com sonoridades dos
anos 1920 e início dos anos 1930, que voltei a ouvir hoje, solta uma gargalhada
berlinense de tempos felizes, os que vivi e o que outros viveram antes de
outros terrores. Contra o terror, não somos já os mesmos mas somos ainda os
mesmos. É esse núcleo sem medo que nos querem tirar. Só que nesse lugar mesmo
no centro do amor ouve-se “Booty Swing” e estamos todos a dançar. Num cabaré
berlinense. Numa discoteca de seis pistas.
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