Nas primeiras chuvas respiro uma
saudade brutal de Alenquer. Como se não existisse mais, engolida pelo rio, as
margens abertas num grande abocanhar de vila baixa e vila alta que tivesse
virado ao contrário vale e montes. Sem espetacularidade, só num gesto muito
comprido, as margens do rio a levarem o cheiro das caminhadas para a escola com o
fresco a fingir-se irrepetível todos os anos a começar outubro. As roupas ‘boas
para levar para a escola’. Se a escola fosse mais perto, poderiam ser
diferentes? E sabia, sabia-se, daí a semanas o frio já seria para dentro dos
ossos. A meia estação era curta para os habitantes não se prostrarem melancólicos.
É das saudades mais justificadas, tem o anátema das coisas que nunca andarão
para a frente, parecem não ter nada para cumprir, ao contrário de sentir
falta do Brasil e saber que está tudo bem.
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