sexta-feira, 21 de outubro de 2016

outubro

Nas primeiras chuvas respiro uma saudade brutal de Alenquer. Como se não existisse mais, engolida pelo rio, as margens abertas num grande abocanhar de vila baixa e vila alta que tivesse virado ao contrário vale e montes. Sem espetacularidade, só num gesto muito comprido, as margens do rio a levarem o cheiro das caminhadas para a escola com o fresco a fingir-se irrepetível todos os anos a começar outubro. As roupas ‘boas para levar para a escola’. Se a escola fosse mais perto, poderiam ser diferentes? E sabia, sabia-se, daí a semanas o frio já seria para dentro dos ossos. A meia estação era curta para os habitantes não se prostrarem melancólicos. É das saudades mais justificadas, tem o anátema das coisas que nunca andarão para a frente, parecem não ter nada para cumprir, ao contrário de sentir falta do Brasil e saber que está tudo bem. 

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