terça-feira, 12 de janeiro de 2016






De todas as que consegui ver, a primeira página do Libération é a que mais me comoveu. Chegou-me primeiro distorcida pelas rugas no plástico protetor (um jornal em papel, que vem de avião, que bonito), enviesada em cima da mesa do polícia, enquanto passava a mala no detetor de metais. E pensei, é mais bonita que a do Guardian, é ainda mais bonita que a do Público. O Público, esse mestre na arte da primeira página obituária, usa a frase que os tablóides ingleses quase todos também puxaram para as suas capas, neles grotesca, como tudo o que querem que um jornal seja, uma fechadura para ver o feio e ter medo. O Guardian foi sublime. É tão belo que parece pedir calma. Respiremos, pensemos ainda, a tristeza também o permite. E o Times é como um sino que toca, seco, grave, a decretar uma dor. O luto também é solene e isso é necessário.

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