Como os dias se sucedem já não
uns a seguir aos outros, mas uns por cima dos outros, tombando de uma alegria
preenchida que (às vezes) tem os seus desesperos, os acontecimentos do
calendário também chegam diferentes. Deparou-se-me, assim, a cerimónia de
entrega dos Óscares, vista como através de uma película de gaze reconfortante. Os filmes vistos estavam na média de anos anteriores, não
sem algum esforço, e talvez por causa dele, não tinha filias exacerbadas,
ciente que estava que seria um ano justo e ligeiramente aborrecido. Passou-se o
mesmo com os vestidos. As gloriosas exceções foram Charlize Theron, que vestiu um acontecimento Dior. E, apesar
de esse ter sido objetivamente o melhor vestido da noite, não foi o meu
preferido. Penélope Cruz não quis por os pés no chão, era melhor esvoaçar baixinho
num Giambattista Valli com um efeito que, ao contrário dos ‘nudes’ cintilantes,
não se esgota: uma fita preta de veludo num tecido leve e claro.
Mas os dias que se atropelam têm
tréguas que se impõem sozinhas. Numa das mais deliciosas, entrei, finalmente
em “House of Cards”. E zás, com a brutalidade fria e delicada da elegância sem
esforço, Robin Wrigth usou, num único episódio, vestidos que davam para uma
década de Óscares.
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