domingo, 20 de outubro de 2013


"Hannah Arendt", de Margarethe von Trotta


Ninguém pensa isoladamente, mas pensar é um ato solitário, é o coração da liberdade individual, sem a qual não existem liberdades coletivas. O pensamento constrói-se sem nenhuma concessão. Há quem abdique de agir pensando para poder continuar a pertencer a uma estrutura, para poder continuar a confirmar um enquadramento consolador. É a coerência corrupta. Porque pensar pode não ser nada consolador. Ser coerente é não abdicar do pensamento. Mesmo que isso potencialmente desenquadre, exclua, ponha de parte. Não ser querido em nenhum dos mundos pelos quais se anda pode ser o preço a pagar, coisa pouca se esses mundos exigem o não questionamento, a abdicação do pensamento, e, portanto, a anulação da pessoa. A comunidade mais vasta, o ‘coletivo’, há de agradecer um dia ou, mesmo que não o faça, beneficiará da liberdade exercida sem concessões por um indivíduo.

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