"Hannah Arendt", de Margarethe von Trotta
Ninguém pensa isoladamente, mas
pensar é um ato solitário, é o coração da liberdade individual, sem a qual não
existem liberdades coletivas. O pensamento constrói-se sem nenhuma concessão. Há
quem abdique de agir pensando para poder continuar a pertencer a uma estrutura,
para poder continuar a confirmar um enquadramento consolador. É a coerência corrupta.
Porque pensar pode não ser nada consolador. Ser coerente é não abdicar do
pensamento. Mesmo que isso potencialmente desenquadre, exclua, ponha de parte. Não
ser querido em nenhum dos mundos pelos quais se anda pode ser o preço a pagar,
coisa pouca se esses mundos exigem o não questionamento, a abdicação do
pensamento, e, portanto, a anulação da pessoa. A comunidade mais vasta, o ‘coletivo’,
há de agradecer um dia ou, mesmo que não o faça, beneficiará da liberdade
exercida sem concessões por um indivíduo.
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