"Ficou sentada na soleira da
cabana como se estivesse a sonhar, profundamente inconsciente do tempo e das
circunstâncias. Ela estava tão longe dali que ele olhou de repente para ela e
viu-a completamente serena, com uma expressão expectante. Achou que esta era a expressão
dela. E uma pequena e fina língua de fogo deslizou-lhe subitamente pelas
costas, e sentiu uma dor no coração. Receava com uma repulsa quase mortal
qualquer contacto humano. Acima de tudo, desejava que ela se fosse embora e o
deixasse no seu próprio isolamento. Receava a vontade dela, a sua vontade de
mulher, e a sua insistência de mulher moderna. Acima de tudo receava a sua
impudência fria, própria da alta sociedade: fazer o que se queria. Porque, no
fundo, ele era um empregado. E odiava a presença dela ali".
D. H. Lawrence, “O amante de Lady
Chatterley”.
Quanto mais conheço Lady
Chatterley, mais detesto Madame Bovary. Ainda mais.
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