quarta-feira, 25 de setembro de 2013

mulher, moderna


"Ficou sentada na soleira da cabana como se estivesse a sonhar, profundamente inconsciente do tempo e das circunstâncias. Ela estava tão longe dali que ele olhou de repente para ela e viu-a completamente serena, com uma expressão expectante. Achou que esta era a expressão dela. E uma pequena e fina língua de fogo deslizou-lhe subitamente pelas costas, e sentiu uma dor no coração. Receava com uma repulsa quase mortal qualquer contacto humano. Acima de tudo, desejava que ela se fosse embora e o deixasse no seu próprio isolamento. Receava a vontade dela, a sua vontade de mulher, e a sua insistência de mulher moderna. Acima de tudo receava a sua impudência fria, própria da alta sociedade: fazer o que se queria. Porque, no fundo, ele era um empregado. E odiava a presença dela ali".

D. H. Lawrence, “O amante de Lady Chatterley”.




Quanto mais conheço Lady Chatterley, mais detesto Madame Bovary. Ainda mais.

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