"Em cinco tentativas não teve um único sucesso permanente. Cada uma das suas fugas (de Sweet Home, de Brandywine, de Alfred, na Geórgia, de Wilmington, de Northpoint) tinham-lhe saído frustradas. Sozinho, sem disfarce, com a pele visível, cabelo memorável e sem nenhum branco para o proteger, nunca conseguiu evitar ser capturado. O período de tempo mais longo fora quando fugira com os condenados, ficara com os cherokee, seguira os conselhos deles e ficara escondido com a tecelã em Wilmington, no Delaware: três anos. E em todas as suas fugas não conseguiu evitar sentir-se surpreendido por aquela terra que não era a sua. Escondeu-a no peito, escavou a terra em busca de comida, agarrou-se às suas margens para saltar cursos de água e tentou não a amar. Em noites em que o céu era pesado, fraco pelo peso das próprias estrelas, obrigava-se a não a amar. Os seus cemitérios e rios baixos. Ou apenas uma casa – solitária sob uma amargoseira; talvez uma mula aparelhada e a luz a incidir-lhe no pelo de uma certa maneira. Qualquer coisa o comovia e esforçou-se para não a amar".
Toni Morrison, “Beloved”
Sem comentários:
Enviar um comentário