quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

trainspotting

Dizer “Portugal não é a Grécia” não é apenas cuspir nos valores mais básicos que construíram uma ideia para a Europa, que a construíram contra aquilo que a Europa na verdade quase sempre foi: guerra e fome. Dizer que “Portugal não é a Grécia” é querer essa Europa de volta. Mas mesmo que não tivesse esta implicação histórica, dizer semelhante coisa só revela coisas sobre nós, não diz nada sobre os gregos, como bem sabem algumas bocas instruídas de onde a expressão tem saído.
Dizer “Portugal não é a Grécia” é, além de uma enorme falta de educação, um espelho grotesco. É jogar o jogo mais rasteiro da argumentação, aquele que diz “chama-lhe puta, antes que te chamem a ti” (pardon my french, mas a expressão existe e é assim tal qual).

“The poor and the needy/are selfish and greedy”, já diziam The Smiths na letra de “Nowhere fast”, o mesmo poema que também diz “when a train goes by/it’s such a sad sound/No…/it’s such a sad thing”. Pois é, uma coisa tão triste.

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