segunda-feira, 16 de maio de 2011
“Todas as falsidades na escrita – e todo o caruncho que por causa disso a invade – provêm da noção de que há um ideal estilístico em abstrato, uma espécie de língua especial ao alcance de todos. Os professores de Inglês não deviam centrar-se nisso, é coisa que pertence mais ao domínio dos comportamentos e de certos tiques de grupo. A sua preocupação não deve ser ‘Como escrever’ mas ‘Como tentar dizer o que se quer dizer’”.
Ted Hughes, “O fazer da poesia”, Assírio e Alvim.
Este excerto é da introdução, uma coisa que nunca lia nos livros até ter necessidade de o fazer e isso saber-me bem porque não é forçado. Crescer é gostar de ler as introduções. Ted Hughes introduz a série de textos reunidos e refere “o tipo de escrita que as crianças podem praticar sem se tornarem falsas em relação a si próprias”. Pode tirar-se as crianças do raciocínio, se as encararmos como iguais. Não há uma boa escrita que não seja honesta. Há tanta coisa interessante que acaba por não o ser porque não tem nenhuma honestidade. Porque é um efeito ou esconde-se nele (a última hipótese é a mais triste). Do conhecimento mais ou menos inútil adquirido num biopic em que Ted Hughes é um pré-James Bond em versão mais belo, com menos músculo, menos olhar símio, parece-me que ele sabia uma ou duas coisas sobre a honestidade. Quando vi o filme escolhi gostar da Sylvia Plath, que já conhecia um pouquinho, mas é ao Ted Hughes que estou sempre a voltar.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Crescer é gostar de ler as introduções - e posts destes.
ResponderEliminar