segunda-feira, 18 de outubro de 2010

A lei da rua

Talvez não valha mais a pena ir ver os filmes do Oliver Stone só para depois poder ter uma opinião fundamentada. Afinal, como diz o odioso Gordon Ghekko de “Wall Street” 1 e 2, o bem mais precioso que existe não é o dinheiro mas o tempo. Esta conclusão deixa, aliás, uma amargura muito grande na boca. Passamos demasiado tempo a aturar coisas e pessoas que violentam a nossa paz e nosso sistema de valores. Não há solução para isto, acaba por se concluir depois de passada a raiva. A nossa paz só existe porque sobrevive ao tumulto. Prezamos os nossos valores porque lutamos por eles e isso só pode acontecer num meio necessariamente mais ou menos hostil. É fácil ser-se bom quando se está fechado em casa.
O filme é irrelevante e seria totalmente inútil não fosse o morder de lábios de Carey Mulligan naquela conversa difícil com o pai. Há ainda as rugas de Michael Douglas, que baralham um bocadinho toda a canastrice. É comovente para uma republicana, que acredita no valor e não no privilégio de nascimento, ver alguém estar à altura do clã em que nasceu. Ele é um Douglas, por mérito.

3 comentários:

  1. Gostei bastante dos seus comentários, mesmo sem ter assistido ainda a Wall Street 2.
    Se me permite uma observação pontual: discordo da frase "Prezamos os nossos valores porque lutamos por eles"; acho que porque prezamos nossos valores é que lutamos por eles. Claro que, quando lutamos por uma coisa e finalmente a conquistamos, damos muito valor a ela. No caso da sua frase, seria como se eu dissesse "quando lutamos por um valor e finalmente o conquistamos, damos muito valor a ele", o que não faz sentido. Por outro lado, acredito que valores e princípios são, isto sim, pressupostos da nossa luta. Provavelmente você também pensa assim. De modo que, peço-lhe desculpas se minha interpretação de sua frase é equivocada.
    Embora não comente muito aqui, saiba que aprecio muito seu blog; acho-o ótimo!

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  2. «não fosse o morder de lábios de Carey Mulligan»: isto, meu deus, é de primeira água; a frase.

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  3. Jamil, não está nada equivocada a interpretação da minha frase. Fico muito contente que cá venha :)

    Miguel, de primeira água é a Carey Mulligan, isso sim :)

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