sábado, 15 de maio de 2010
Escutar II
A visita do Papa, Bento XVI, a Portugal, no contexto dos abusos sexuais a menores praticados por membros da Igreja, tornou visíveis sinais de mudança. Ainda antes da visita e a propósito da carta que o teólogo suíço Hans Kung dirigiu aos bispos, ouviu-se o bispo das Forças Armadas, D. Januário Torgal Ferreira, criticar o “centralismo” da Santa Sé, que comparou a uma “monarquia absolutista”. O bispo das Forças Armadas, que recusou sempre que o escândalo de pedofilia fosse um ataque externo à instituição, antes imputando-o, como o próprio Bento XVI, aos pecados da própria Igreja, falou da necessidade de serem ouvidos os bispos. Um concílio e o cumprimento do concílio Vaticano II, pediu-se. Vozes como as dos teólogos Carreiras das Neves e Anselmo Borges apontaram a ordenação das mulheres e o celibato dos sacerdotes, como temas a discutir. Já durante a visita de Bento XVI, a discussão prosseguiu, sem medo de contrariar a adesão popular ao Papa. O rebanho encontrou-se mais de perto com o seu pastor e, já se sabe, ver de perto é ver melhor, quando se tem abertura para isso. Mas a troca de afeto não calou a discussão. Grupos como o movimento “Nós somos Igreja” e os católicos homossexuais, representados pelo grupo “Novos Rumos”, fizeram-se ouvir. Mais uma vez, quem quis, quem teve abertura, ouviu. Uns mais que outros, escutámos todos, e isso é muito bom. Só não se discute quando já não se ama.
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