Na primeira declaração pública depois de ter sido nomeado pelo Papa, Bento XVI, Bispo de San Sebastian, José Ignacio Munilla quis demarcar-se imediatamente de qualquer posição política. Ao fazê-lo, disse uma coisa importante, na qual acredito muito e cada vez mais. Afirmou que a vida o tinha ensinado a valorizar sobretudo as relações pessoais, no âmbito das quais é mais fácil encontrar caminhos de entendimento. A minha vidinha também me ensinou isto. A verdade nunca está sempre no mesmo lado. Ouvir o outro, é meio caminho para o entender. Lembrou-me uma frase que António Lobo Antunes disse numa entrevista: “Dois homens, quando são homens, estão condenados a entender-se, não é?”. Acredito profundamente nisto. Embora o aplique a qualquer pessoa “com eles no sítio”, homem ou mulher. Infelizmente, desconfio que há um despojamento do acessório e da parvoíce que os homens atingem com mais facilidade. Embora apenas quando estão só entre homens.
Se Lobo Antunes pode afirmar esta máxima poderosa e ligeiramente misógina, será que o Bispo de San Sebastian, ou qualquer responsável religioso, pode basear a sua acção nas relações homem-a-homem? Parece-me que não. Teria que viver numa pequena comunidade, como as dos cristãos primitivos, e, mesmo assim, seria difícil. Não há como não tomar partido e o Bispo de San Sebastian deve sabê-lo bem. Isto não contamina em nada o princípio que Lobo Antunes tão bem enunciou. Sim, dois homens, quando são homens, estão condenados a entender-se. É preciso é que saibam ser homens.
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