quarta-feira, 28 de outubro de 2009
Uma filha licenciada
Passado o período eleitoral, os noticiários voltaram a abrir com falências e desemprego. Ontem, um operário da Império Pneus, de Braga, explicava o contexto em que um possível despedimento o encontraria. Dizia que a sua mulher estava desempregada e que tinha “uma filha licenciada”, que também não tinha emprego. Aquele homem falava de uma “filha licenciada” como quem fala de uma filha doente. Aquela filha está dependente dos pais como se fosse doente. É apenas “licenciada”. E desempregada. Numa altura em que em vez de se discutir a Educação se discutem apenas os problemas laborais dos professores, talvez não fosse má ideia escutar aquele operário de Braga. As condições de trabalho dos professores, das quais também depende a qualidade do ensino, não podem esgotar uma discussão sobre um sistema de educação, do qual muitos dos actuais docentes são já um produto. Muito antes da avaliação, há demasiado tempo, que as reivindicações dos professores ocupam o lugar central de um discurso que deveria conter mais os alunos, o saber e as competências. Isto é um discurso de direita? É pena. É culpa dos professores que não exista uma efectiva discussão sobre Educação? Estar sempre preocupado em encontrar culpados faz com que não se saia do papel de vítima. E isso é muito mau. Reformulo a pergunta: Isso é da responsabilidade dos professores? Parece-me que é da responsabilidade de todos os (como é que se chamam?) agentes educativos. Dos professores também.
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