quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

Não escolhemos quem amamos. Sobretudo, não escolhemos por quem nos apaixonamos. Mas escolhemos com quem queremos estar e, desde logo, escolhemos ter amor-próprio. A ideia do amor romântico não é muito saudável, mas não exclui a decisão. É um não acabar de desgraças para evitar que os amantes se conheçam e, por isso, se separem. Acabam morrendo juntos, pois é, mas na juventude que evita tudo e, por isso, evitará também o melhor e o pior. Essas narrativas são bonitas, sobretudo porque bem escritas, a começar por “Romeu e Julieta” e passando pelo “Amor de Perdição”, de Camilo Castelo Branco ("Amou, perdeu-se e morreu amando", amemos o gerúndio e a economia narrativa). Esse amor louco, quase infantil, que engole ambos, é doentio, mas nasceu dos seus corações e segue um rumo condicionado pelo mundo adverso. Só nunca entendi “Tristão e Isolda”. Desde adolescente que me parece terrivelmente antirromântico que duas pessoas se apaixonem sem remédio porque beberam um. Alguém decidiu por eles e não foi Deus nem os seus corações selvagens. O que faz o amor romântico é a fulminação erótica que nasce de um coração que bate numa vontade insondável, mas que não deixa de ser sua. Este amor pertence-me porque me aconteceu a mim.

E as condições adversas nunca desaparecem. "Love will tear us apart". O espectro paira sobre os amantes. A adversidade somos nós, e é por isso que não há coisa mais romântica que decidir. 


 Richard Burton e Elizabeth Taylor. Decidiram casar duas vezes.





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